quinta-feira, 31 de maio de 2012

Tereza da Praia

E seguimos na inesgotável e prazerosa tarefa de compreender porque é que o Tom Jobim era "o cara".

Tereza da Praia foi encomendada pela gravadora Continental pra fazer mais um pouquinho de $$$ em cima da suposta rivalidade entre Lúcio Alves e Dick Farney. Pareceria do Tom com Billy Blanco, o dueto foi lançado em 1954, quando Lúcio e Dick eram Os cantores e O Maestro ainda dava os primeiros passos na carreira - só pra dar uma referência, a Garota de Ipanema é de 1962. Nem preciso dizer do sucesso e das mil e uma regravações desse clássico da Bossa Nova. Quem foi ao mais recente show do Chico Buarque deve estar com a música fresquinha na cabeça, porque mais uma vez o Ele homenageou o maestro soberano, desta vez cantando a Tereza em uma irreverente parceria com o grande baterista Wilson das Neves.

E por falar em baterista, aqui vamos ficando com o tal do Toninho, que eu não conheço, mas que faz a parceria com o Dick no lugar do Lúcio Alves. Não querendo desmerecer o Toninho, diz que é excelente baterista, mas aqui a gente gosta das coisas clássicas, é ou não é? Incompetência minha, que não achei vídeo do dueto original. Segura, Toninho!





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sexta-feira, 25 de maio de 2012

Over the Rainbow - Judy Garland

Eu devia ter uns 6 anos quando minha mãe me disse pra assistir a O Mágico de Oz. Eu não gostei da ideia, falei pra ela que só gostava de desenho animado. Ainda mais filme velho! O Mágico é de 1939!, vê se eu tinha cara... Mas minha mãe sabe das coisas: me enfiou no cinema à força e me obrigou a ver. Daí o filme começou. Gente, o começo do filme é em P&B. Eu queria matar a minha mãe! Imagina só a minha tromba. Imaginou? Agora imagina a minha cara no final da sessão quando a mamãe veio perguntar se eu tinha gostado...

Todos vocês já viram essa cena. Tenho muito respeito por ela e pelo filme todo. O que é que eu posso dizer, é uma clássico dentre os clássicos! Quantas atrizes da década de 30 você conhece? A Judy Garland se foi em 1969 e continua famosa. Sem falar na lindíssima Over the Raimbow, que segue sendo ouvida e gravada mais de 60 anos após o lançamento desse clássico dos musicais! Vamos apenas desmentir um fato: O Mágico não é o primeiro filme a usar Technicolor. Ele fez  uso notável da técnica, e talvez por isso tenha levado a fama, mas esse troféu vai para Vaidade e beleza (1935), de Rouben Mamoulian.




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quarta-feira, 16 de maio de 2012

Saudade pela boca

Faz frio e estou tomando chocolate quente. Chocolate quente de verdade, com um pedaço de chocolate de verdade, bem escuro e bem brilhante.  Hoje de manhã no hospital em que eu trabalho um pessoal do Starbucks estava oferecendo café e uns mini pedacinhos de brownie. Comi uns dez. Frio é assim mesmo: a gente fica com vontade de comer, de ficar dentro de casa e de ficar junto.

Quando eu era pequena ia todos os domingos à casa da minha avó paterna. Normalmente os adultos diziam que lugar de criança "era lá fora", no quintal, mas às vezes – imagino que no frio – fazia-se exceção e as crianças iam pra cozinha fazer biscoito de nata. Veja, quando eu digo “as crianças”, estou me referindo ao sem fim de netos de uma mulher que teve catorze filhos. Todas as manhãs ela fervia o leite (muito leite) e pouco a pouco ia juntando a nata com que depois os netos faríamos biscoito. Eu não tenho muita lembrança da confecção da massa – talvez fossem os adultos e as crianças mais velhas quem cuidassem dessa etapa – mas depois eram metros e metros de massa aberta, e aí era a hora de a criançada liberar a criatividade, porque a massa de biscoito virava escultura. Lá na casa da vovó Alice tinha forminhas de todos os formatos possíveis, mas o legal mesmo era pegar a faca e recortar um biscoito único, personalizado! O biscoito mais bonito que eu vi foi um porquinho que uma das tias, a Vana, fez. Tinha rabinho de porquinho, focinho de porquinho e corpinho roliço, em forma de barril. As fornadas iam deixando um cheiro quente inebriante pela casa toda, as crianças loucas pra ver o resultado final das obras de arte. A Vana deixou e eu comi o porquinho dela.

Tinha também o pão da Bel. Acho que a Bel nem sabe que é assim que eu me refiro ao pão dela. Era tão legal amassar o pão da Bel! Tinha que sovar mesmo, meter a mão com uma força que na época eu não tinha! Será que meu irmão do meio se lembra de nós dois arremessando o pão da Bel contra a bancada? Depois, mais um cheiro inebriante, e como era bom comê-lo pelando, a manteiga derretendo já quando a faca se aproximava da fatia fumegante! Fim de semana de frio, quando eu ficava em casa, sempre pedia pra minha mãe: “mãe, vamos fazer pão da Bel?”.

Na casa da minha avó materna era diferente. Ela se chamava Maria de Nazareth e detestava quando algum desavisado via seu nome no cheque e a chamava de “dona Maria”. Ela nunca cozinhava, mas era meticulosa e detalhista que só, de modo que a casa dela também tinha suas iguarias. Eu gostava muito do suflê de nozes, mas bom mesmo era o bom-bocado. Eram pequenininhos, não como esses enormes que a gente vê na padaria. E outra, os bom-bocados da minha avó não levavam coco, e eu sempre tive uma aflição danada do barulhinho que faz quando a gente mastiga coco. Por cima do bom-bocado ficava aquela casquinha dourada de queijo ralado, e por dentro era aquele não-sei-explicar que derretia na boca! Eu e minha mãe comíamos uns dez, quinze cada uma. Se tivesse mais, comíamos mais.

Aqui em casa tem a receita do bom-bocado, do suflê de nozes, do biscoito de nata, do pão da Bel e de outras receitas de família. Será que um dia vou voltar a assar uma fornada de biscoito de nata? Será que vai ter graça, o gosto sem os personagens em volta? Será que todas essas comidinhas de família são realmente tão gostosas quanto me dizem as lembranças, ou o sabor se mistura com o afeto? Quando eu tiver meus próprios filhos talvez essas receitas acordem, talvez venham outras. Grande sacada dos comerciais de tempero, arroz e margarina essa coisa de mostrar a cozinha como cenário de tanta afeição. Um bom prato de comida de fato pode ser uma declaração de amor.

Eu tenho saudade dos sabores da minha infância. Comer com o pensamento não é a mesma coisa.



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quarta-feira, 9 de maio de 2012

Rhaissa Bittar

Um dia minha amiga Gabriela Pelosi passava por Perdizes e acabou seduzida por uma loja de chapéus exóticos. Coisas malucas, meio fantasias, meio excêntricas. A dona da boutique, com quem ela conversou bastante, acabou por lhe apresentar o som dessa menina, a Rhaissa Bittar. A Gabi comprou o CD ali mesmo, porque a chapeleira maluca parece que é tipo uma madrinha de profissão da Rhaissa e vende o disco na loja.

Logo na sequência nos encontramos e eu vi o CD no carro da Gabi. Eu conheço o irmão da Rhaissa, e através dele já cruzei com ela uma vez há muito tempo. Mas na época eu não dei muita bola, nem fui atrás do trabalho dela. Foi só quando entrei no carro e ouvi aquele som que o negócio bateu.

A Rhaissa escreve letras muito divertidas sobre assuntos (e em idiomas!) diversos. Ela tem uma característica vocal que, manejada de outra forma, poderia soar um pouco caricata, mas ela conhece a própria voz e brinca deliciosamente com seu timbre, conseguindo um resultado final que é pura irreverência! Eu e a Gabi (que também é cantora) achamos que a Rhaissa tem um quê de Carmen Miranda. A arte do CD é super bonita e o encarte tem todas as letras. Sou só elogios pra esse disco e considero a Rhaissa uma das revelações da nova música brasileira. E olha que meu gosto musical é de extrema direita, hein? A gente aqui não abre espaço pra qualquer novata não!

Eu escolhi pra mostrar pra vocês essa música chamada Chilique Chique. Aqui só vou botar essa, mas fica o convite pro my space da moça, onde dá pra ouvir outras faixas. Vai lá, gente. Tem até música em chinês! 

Com vocês, Rhaissa Bittar!





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