terça-feira, 13 de novembro de 2012

Barbatuques, Julien Neel & Nick McKaig e o instrumento corpo

A capella é uma expressão de origem italiana que designa a música executada tão somente pela voz, sem o acompanhamento de instrumentos. A coisa começou com o canto gregoriano lá no século VI. Mas hoje a gente não quer falar de história. A gente quer falar sobre as brincadeiras de um pessoal que vive de explorar o instrumento corpo e todos os infinitos sons que ele pode produzir. 

A gente vai começar com os Barbatuques e a música Bainá. Como sugere o nome, o grupo vai muito além do canto a capella, descobrindo os diferentes timbres desse instrumento de percussão chamado corpo, que eu tenho e você também. Já estive em show deles e é uma delícia. Além de ser um deslumbramento auditivo, faz a gente descobrir nosso próprio instrumento, porque eles são generosos e botam a platéia pra tocar com eles!

Segundamente, uma versão a capella mesmo, só com vocais, do francês Julien Neel com o norte-americano Nick McKaig. Coisa de louco o que esses meninos fizeram! Simplesmente um pout-pourri de todas as musiquinhas do Mario Bross. Espere até eles te levarem para as fases do mundo das águas! 

E bora cantar!





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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Saravacalé - a mistura do samba com flamenco


Foi no samba da Praça Roosevelt que o Saravacalé apareceu pra mim. É que lá eu conheci um moço que também tem um blog: o Samba con Flamenco. O moço é carioca e veio trabalhar em Sampa depois de uns 10 anos entre Alemanha e Espanha. Neste último país ele procurou muitíssimo essa mistura sonora que lhe parecia um casamento perfeito: samba + flamenco! Mas nada de o moço achar. Foi somente quando ele começou suas escrivinhações que, por acaso, alguém achou pertinente apresentar o Saravacalé ao autor do Samba con Flamenco.

Duas vocalistas com pinta de gatinha entoam clássicos da música flamenca que eu desconheço e uma porção de sambinhas que todos nós conhecemos. A espanhola se rasga no sofrimento visceral do ritmo ibérico, enquanto a brasileira, não menos afinada, põe no tempero a malemolência do samba. No samba de Vinícius, castanholas, e o pandeiro impõe o andamento ao violão flamenco. O carioca tinha razão, muy rico este samba do crioulo doido! Ele entrevistou a voz flamenca da banda e contou toda a história do surgimento da mistura, então chega de plagiar o conteúdo dele, né? Tá aqui pra quem quiser.

E vamos de música, ¿si?

Rosa Morena


Falta Pouco


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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Elas nunca se entenderão (e se entendem todo dia)


- Mas então quer dizer que a Fefê é lésbica, filha?
- O que foi que eu acabei de dizer, mãe?
- Que ela é lésbica, que beijou uma moça!
- Eu disse que a Fefê está namorando a Ana. Ponto.
- ... não entendi...
- Mãe, ela está namorando a Ana, antes namorou o Paulo e sei lá quem vai namorar depois!
- Mas então a pessoa vira lésbica? Não nasce lésbica? E depois pode virar ex-lésbica?
- Mãe, por que é que você tem que colocar etiqueta em todo mundo?
- Etiqueta? Estou confusa... lésbica não é mulher que gosta de mulher?
- Como você é simplista.
- Filha, estou tentando entender! Não sei como funciona! É uma coisa que a pessoa escolhe?
- Escolhe?! Escolhe o quê, mãe???
- Se vai ser gay, se vai ser lésbica! Não falam que é a opção sexual da pessoa?
- Vixe, mãe...
- Sério, filha, me explica! O que é ser lésbica?
- “Lésbica” é um rótulo, mãe, não serve pra nada.
- Filha, etimologicamente, “lésbica” vem de “Lesbos”, a ilha grega em que moravam as Amazonas...
- Mãe, pára!
- O quê? O que foi?
- ...
- Tá bom, tá bom. Deixa eu pensar... O Ricky Martin. O Ricky Martin é gay, não é? É sim, eu lembro quando ele saiu do armário, deu na TV.
- E o Ronaldo, mãe? O Ronaldo é gay?
- O Ronaldo?
- É, mãe, o Fenômeno.
- O Ronaldo é casado! Pai de família!
- Lembra daquela história com os travestis?
- Ai... teve isso, né...
- Teve, mãe, teve isso.
- O Ronaldo é gay, filha?
- Mãe, o Ronaldo é o Ronaldo! Casou, teve filho, separou, saiu com travesti – ou não, sei lá – depois casou de novo... A Fefê é a Fefê e eu sou eu!
- Você está dizendo que gay não existe? Nem lésbica?
- Ai, mãe, chega. Fica aí com as suas etiquetas. Tô saindo, vou encontrar o pessoal.
- A Fefê?
- Tchau, mãe.

***

- Filha...
- Oi, mãe?
- Eu queria te dizer uma coisa...
- Fala, mãe.
- É sobre aquela conversa que tivemos no outro dia...
- Que conversa?
- De gay, de lésbica...
- A conversa das etiquetas?
- É... isso...
- Mãe, desembucha.
- Filha, eu quero que você saiba que a mamãe te ama muito e vai te amar pra sempre, não importa o que aconteça. E você pode me contar qualquer coisa que a mamãe vai sempre sempre te apoiar, tá bom?
- Nossa, mãe, pirou, hein?
- Filha, espera!
- To saindo, mãe, vou encontrar uma amiga.
- Uma amiga? A Fefê?
- Tchau, mãe.




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terça-feira, 6 de novembro de 2012

La Cumparsita - Gerardo Matos

Perdoem-me os hermanos, mas verdade seja dita: é uruguaio o tango mais famoso do mundo. 

Apenas 17 anos tinha o rapazote Gerardo Matos quando o compôs, em 1917. O pessoal do café La Giralda, em Montevidéu, até que gostou e La Cumparsita fez algum sucesso no Uruguai. Mal sabia Gerardo o que estava acontecendo com seu tango mundo afora.

O sucesso em Buenos Aires foi enorme, mas o verdadeiro estouro deu-se em Paris. Gerardo, que ainda aos 17 vendeu seus direitos autorais  por 20 pesos, conta-se!  foi à Cidade Luz para descobrir que seu tango era tocado em cada esquina, porém com letra diferente da que ele compusera em 1917. 

Depois de três batalhas judiciais, finalmente em 1948 um acordo entre todos os compositores e letristas que deram algum pitaco em La Cumparsita pôs um ponto final nas brigas, decidindo quem receberia os royalties para cada tipo de execução do clássico.

Ainda hoje, no entanto, há controvérsias sobre a autoria deste tango uruguaio. Se alguns creditam-no integralmente a Gerardo, outros afirmam que um pianista tão inexperiente não poderia tê-lo composto sozinho, e que Roberto Firpo  supostamente o primeiro a executá-la  teria tido grande participação na harmonia.

Historinhas à parte, fato é que La Cumparsita garantiu seu lugar de honra nas controversas listas das músicas mais executadas de todos os tempos, competindo com gigantes como Yesterday e Garota de Ipanema. Aqui iremos saboreá-la no Teatro Colón, em Buenos Aires, executada pelo grupo Cafe de los Maestros com a orquestra Juán D'Arienzo.  





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