A sábia me disse que não é
exatamente a pressa a verdadeira inimiga da perfeição. A pressa, ela disse, é só
disfarce. Pressa não é sentimento: é fazer. É a reação imediata de quem esbarra
no tempo. Pressa é atropelar as próprias pernas exigindo do tempo que saia da
frente.
A sábia, quando está comigo,
conversa com as minhas ansiedadezinhas. Ela lhes diz: “pra que a pressa, se o
futuro é a morte?”. E segue explicando, as palavras tranquilamente cadenciadas, que o
destino não tem graça sem as cores e os cheiros do caminho. Cada palavra que a
voz doce da sábia diz é como uma caixinha, que se abre e revela outra caixinha,
que se abre e revela outra caixinha, que se abre e revela outra, sempre outra. Eu
me sento diante dela de pernas cruzadas como que para escutar a professorinha
do primário, e as palavras que ela diz vão ficando mais e mais gordas de
sentido, e tão bonitas que me fazem esquecer que antes eu tinha pressa. Então eu
fico inteira no único tempo que tenho: o presente.
A sábia mora dentro de mim.
Ocorre que às vezes ela se cansa, porque eu nunca aprendo. Ou será que, pelo contrário, me superestima e pensa que não preciso mais dela? O fato é que de tempos em tempos a sábia escolhe uma caverna – dentro de mim tem muitas cavernas – onde por tempo indeterminado se recolhe com toda a sua sabedoria. Ela hiberna, e então se faz inverno em mim. Inverno de mim, de ansidadezonas efervescentes.
Ocorre que às vezes ela se cansa, porque eu nunca aprendo. Ou será que, pelo contrário, me superestima e pensa que não preciso mais dela? O fato é que de tempos em tempos a sábia escolhe uma caverna – dentro de mim tem muitas cavernas – onde por tempo indeterminado se recolhe com toda a sua sabedoria. Ela hiberna, e então se faz inverno em mim. Inverno de mim, de ansidadezonas efervescentes.
Onde você foi, sábia? Acorda
logo, me ajuda! Eu tenho pressa de te encontrar!
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