terça-feira, 20 de março de 2012

Das estações

Hoje começou mais um outono. Toda vez que uma estação começa somos forçados a decidir se a que entra é ou não a nossa favorita. Os adeptos do inverno alegam que nele as pessoas ficam mais elegantes, que o inverno é mais romântico, melhor pra dormir de conchinha e tomar vinho tinto. Do verão, diz-se que é a mais alegre das estações, e que as pessoas no verão também são assim, mais pra fora. Que a luz do verão, que o calor do verão, que a praia, que as férias, que – ah! – o horário de verão...

A menos que você viva na Europa ou em Nova Iorque o outono e a primavera ficam um pouco prejudicados na disputa. Aqui eles são vistos um pouco como meio termo, como transição, coitados. É quase como se fossem não muito mais do que um rastro da estação que passou, ou apenas o tempo para que o verão, se primavera, e o inverno, se outono, possam repousar e se arrumar para mais uma estréia. A pessoa que escolhe o meio termo normalmente é vista como sem sal. Gostar do verão ou do inverno é pra quem tem personalidade.

Percebi, um segundo antes da minha decisão, que as estações não me consultam pra decidir qual será a do mês seguinte. Nem se pudessem, eu acho, mudariam seu curso pra respeitar a democracia. Não é justo, razoável, aceitável tamanha falta de reciprocidade! Eu quero que meu voto seja ouvido, oras! Quero relevância para o meu pensar! As estações não têm o menor respeito pela minha opinião – e nem pela sua, eu sinto dizer.

Pois eu voto nulo: não vou escolher estação alguma! Vou é escolher minha noite de hoje, mas ela fatalmente será uma noite de outono.

Atumn in New York - Ella & Louis



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